OLAVO PASCUCCI

O pensamento vivo, hirto e pulsante do engenheiro Olavo Pascucci.

19 outubro 2012

SOBRE NICOLE BAHLS E OS EFEITOS NEFANDOS DA REGULAÇÃO DO BRIOCO



Somente os grandes autores podem dialogar consigo próprios sem incorrer num ridículo atroz (é favor pronunciar o “atroz” com o dorso da mão na cintura). Carlos Drummond, porque era Carlos Drummond, e porque apreciava furingos femininos tanto quanto ou mais que este autor, podia desdizer-se anos depois e confessar que seu coração não é maior que o mundo (muito embora eu, com fins meramente publicitários, teria preferido asseverar, à vez primeira, que a minha trosoba é que era mais vasta que o mundo). Paulo Coelho, porque é Paulo Coelho, e porque cultiva o costume feio de dar o cu sem o atenuante de ser um perobo de gênio do quilate dum Wilde, Gide ou Rimbaud, não poderia publicar impunemente um Veronika decide foder.

Essa digressão vai à guisa de escusas por retomar assunto antigo e, creio, já esgotado desde o meu ensaio Da completude da condição feminina, a saber: que a mulher que, nos dias que correm, se nega a liberar o brioco é necessariamente uma mulher incompleta (comprova-o, observei então, o fato de as profissionais que dão o cu se descreverem como “completas” ou “completinhas”). Ora, a despeito de o assunto estar encerrado desde então (nunca recebi réplicas, por exemplo, da Srª. Rose Marie Muraro), eis que uns meus leitores desocupados exigem aos faniquitos que eu me afaste de meus graves afazeres e me pronuncie sobre as recentes e extravagantes declarações da Srª. Nicole Bahls, que em entrevista ao um site de pederastas assegurou que “[os homens] me traem porque eu não gosto de dar o bumbum [sic] e tem um monte de mulher por aí fazendo isso”.

Pois muito bem: em primeiro lugar, quero deixar registrado que eu me recuso a acreditar que uma vagabunda de escol como a Srª. Bahls se referiria ao ato de levar uma bruta trosoba na peida como “dar o bumbum”. Com esse linguajar mais apropriado às psicólogas que o Sr. Fernando Haddad quis introduzir nas escolas de primeiro grau para explicar aos nossos filhos e netos que tudo pode, tudo é lindo, tudo é Deus (linguajar que, suponho, se complementaria com referências quase poéticas, toquinianas mesmo, a “dar um beijinho de língua na pepequinha”, “botar o pipiu no popozinho do coleguinha”, “usar a xerequinha da prima como uma luvinha” e “brincar de fazer sabãozinho ao botar as pererequinhas para brigar”), com esse linguajar inocente, dis-je, a Srª. Bahls se arrisca a afugentar a clientela que, em sua maioria, será composta de cavalheiros de vida regrada a quem repugna qualquer associação subliminar com a prática criminosa da pedofilia.

Isto como preliminar. O “dar o bumbum” eu ponho na conta da repórter que a entrevistou, que como estagiária de subjornalismo ainda será menina nova e portanto afeita a esses eufemismos para designar os atos que com certeza pratica. Mas, passando à questão de fundo, diria eu que as declarações da Srª. Bahls me alegram por dois motivos distintos. O primeiro é que eu toquei uma punheta inspiradíssima imaginando-me indo rasgar os entrefolhos ainda completamente pregueados que haveriam de se esconder bem no centro daquele lorto descomunal. O segundo, e mais importante para os fins deste veículo, é que a triste experiência que a cândida Nicole compartilha com o público leitor terá efeitos pedagógicos para todas as mulheres deste nosso Brasil, ao explicitar sem meias tintas os efeitos nefandos da prática egoísta de regular o brioco para namorados, maridos e amantes. Como educador, eu não poderia desejar exemplo mais instrutivo.