OLAVO PASCUCCI

O pensamento vivo, hirto e pulsante do engenheiro Olavo Pascucci.

15 setembro 2006

Manuel Carlos me ouviu

Temo estar sendo repetitivo e com isso fastidiar o público que visita este blog em busca unicamente de links para fotos de vagabundas com esperma pingando do nariz. É um risco sério, que engendra outro, igualmente considerável, de o leitor passar a dar mais atenção à lista de compras que digita no Excel -- onde abundam berinjelas hirtas e pretas, nabos delgados, salames e mandiocas longilíneos -- do que a estes meus escritos.

E, no entanto, não posso abandonar minha queixa recorrente sobre os sucedâneos que sou obrigado a buscar para os filmes de sacanagem a que não tenho mais acesso desde que minha senhora cortou minha assinatura do Sexy Hot. Esta carência de imagens de xavascas arreganhadas em cinemascope na minha nova TV de 36 polegadas tem feito de mim um leitor voraz de guias de programação e de tudo o que é sinopse de novela, em busca sempre de programas que justifiquem umas duas punhetas antes do Jornal da Globo.

Esta longa introdução para explicar por que eu -- insuspeito chupador de bucetas, para usar uma expressão imortalizada pelo sr. Luiz Pareto (resquiecat in pace) -- ando lendo matérias como esta, de O Dia, sobre futuras cenas de sacanagem na novela Páginas da Vida.

Na verdade, devo a descoberta a meu amigo Valido Platero, que folheava o aristocrático jornal carioca enquanto uma sua amante servidora pública estadual -- e portanto assinante d’O Dia -- proporcionava-lhe um deep throat mais passável do que competente, na sala ao lado do gabinete do reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. “Caralhos que me fodam”, exclamou o Valido ao ler a notícia, despertando a atenção do reitor, que abriu a porta com visível interesse no assunto “caralhos”. O bom Valido, sem dar muita importância a Sua Magnificência, ponderou e obtemperou: “O engenheiro Pascucci começa a ser reconhecido como um fator real de poder da crítica televisiva brasileira. Manuel Carlos cedeu às pressões.”

E, de fato, após minhas queixas, aqui neste blog, sobre a escassez de cenas de lesbianismo e putarias equivalentes na novela das oito, o sr. Manuel Carlos parece ter entendido que, no Brasil de hoje, qualquer novela que dispense a audiência heterossexual masculina será considerada um fracasso rotundo de público e renda, botando em risco suas despesas extravagantes com comida de gatos, blazers para ir a vernissages, viagens semestrais a San Francisco e pay-per-view dos jogos do Fluminense.

De modo que agora O Dia nos dá conta de que o invertido autor “prepara outro strip-tease de Ana Paula Arósio” e de que, “além disso, [...] pretende movimentar a trama com as aventuras amorosas de Giselle (Pérola Faria) e Luciano (Rafael Almeida), que perderão a virgindade”.

Muito bem. Muito promissor. É um bom começo. Reparem, no entanto, que o xibungo autor não diz que Giselle e Luciano perderão a virgindade um com o outro. Meu temor é que, conhecendo as preferências do sr. Manuel Carlos, ele já tenha idealizado uma cena em que o moçoilo pianista é enrabado furiosamente pelo crioulo da novela em cima de seu piano de cauda.

Se é esse o caso, e se ainda assim o teledramaturgo dá algum valor às opiniões que tenho ventilado neste espaço, uma cena assim degradante bem poderia ser compensada com um pouco de criatividade na outra ruptura de cabaço, o da Giselle. Acho que o assunto bem merecia uma intervenção mais ativa do público telespectador, que deveria ser instado a pronunciar-se a respeito, telefonando para distintos 0800 (à maneira do Big Brother) para escolher as circunstâncias em que a bulímica porém chupável adolescente fará a grand première de sua buceta.

Minha sugestão é de uma cena em que o alcoólatra da novela chega de porre, engana-se de apartamento, encontra a moçoila em trajes menores no sofá e lhe dá uma surra de caralha histórica, do nível da que Astério dá em Elisa no último capítulo de Tieta do Agreste, mas que outro teledramaturgo pederasta preferiu não reproduzir na novela de 1989.

04 setembro 2006

Crítica de telenovela: Páginas da Vida

A esta altura, transcorridos já quase dois meses desde que o teledramaturgo pederasta Manoel Carlos nos impinge cotidianamente sua Páginas da Vida, este crítico já está em vias de perder suas esperanças de que o novel folhetim servisse ao menos para um par de punhetas razoavelmente executadas por noite, de segunda a sábado. Temo não faltar demasiado à verdade se asseverar que por conta disto o paquidérmico autor global é um bom filho da puta: tendo sido forçado a dedicar o melhor de minhas energias onanísticas à atividade de crítico de novela das oito, desde que minha senhora cortou minha assinatura do Sexy Hot (lá se vão quase dois anos), o mínimo que eu poderia esperar desse gordo escroto e invertido é que me facilitasse o trabalho com enredos minimamente masturbatórios.

Antecedentes que justificassem minhas expectativas não faltavam, antes pelo contrário. Desde pelo menos Mulheres Apaixonadas que a Globo vem alternando uma novela de sacanagem e uma novela para sacanear o telespectador. O marco, o grande turning point da teledramaturgia brasileira, que fez da novela das oito um programa tão legitimamente masculino quanto o futebol de domingo à tarde, foi o romance lésbico entre Clara e Rafaela, interpretadas pela chupabilíssima Aline Moraes e pela insossa Paula Picarelli (claramente o elemento fancho da relação, pelas inúmeras dicas dadas ao longo da novela -- algumas bastante evidentes -- de que o relacionamento das duas consistia basicamente em a Paula Picarelli sodomizar brutalmente a Aline Moraes com um strap-on dildo preto com a cabeça roxa). A temática lésbica foi posteriormente retomada, com igual sucesso, em Senhora do Destino, desta vez com hints de trepadas mais harmônicas, femininas mesmo (discussão do relacionamento incluída), entre Mylla Christie e Bárbara Borges.

De modo que foi com a braguilha aberta e a caralha expectante que comecei a assistir a Páginas da Vida, na esperança de que o regulamentar casal lésbico desta vez fosse encarnado por Carol Castro e Joana Balaguer, e de que a progressiva ousadia da Globo no retratar o amor fancho desta vez incluísse uma cena em que a Carol Castro enfiasse de uma vez tudo o que há entre uma orelha e outra (olhos, nariz, boca, queixo e os ossos zigomáticos) na prexeca arreganhada da Balaguer.

E, no entanto, o que é que nos tem reservado o senhor Manoel Carlos em seu folhetim? Até agora, nenhuma cena de lesbianismo explícito ou implícito. A temática do sexo anal dentro do casamento também tem sido inexplicavelmente ignorada, e isto apesar de a novela contar, em seu elenco, com atriz de lorto altamente perfurável como a Ana Paula Arósio. A freirinha interpretada pela Letícia Sabatella ainda não foi submetida a nenhuma sessão de disciplina e rigor por sua madre superiora.

Em vez disso, o senhor Manoel Carlos, assíduo freqüentador de aulas de educação física masculina de turmas da sexta à oitava série em todas as escolas do Leblon, o senhor Manoel Carlos, dis-je, tem-nos impingido assuntos sumamente broxantes como a síndrome de down ou a bulimia. Isso para não falar dos depoimentos sob todos os aspectos lamentáveis que encerram os capítulos das sextas-feiras, que permitiram a uma baranga septuagenária tornar-se celebridade nacional da noite para o dia, ao descrever em detalhe os orgasmos que tem auto-infligido a sua xavasca em desuso, sempre ao som de Côncavo e Convexo, do Roberto Carlos (o perneta, não o filho da puta).

É pena, mas ou o senhor Manoel Carlos toma alguma providência imediata ou nunca antes a Globo terá desperdiçado como agora uma novela com tanto potencial para boas punhetas. Se continuar assim, o espaço entre a punheta para a Fátima Bernardes (Jornal Nacional) e a da Cristiane Pelajo (Jornal da Globo) será melhor preenchido pelo DVD de Lua de Fel, mormente a cena em que a personagem da Emanuelle Seigner mija em cima do televisor.