Cartas à redação II: do fundamentalismo baitolo
Caro Pascucci,
A leitura curiosa e aprazível de suas dissertações públicas faz-me acreditar ter encontrado um profundo conhecedor dos temas mais prementes à sociedade contemporânea atual, quais sejam os assuntos concernentes a xavascas (de todos os tipos, sabores e profundezas), assim como dos anéis rugosos, mormente os femininos. Diante de ensaios tão embasados teórica e empiricamente, não seria exagero qualificá-lo como um fenomenólogo de prexecas e briocos, um Merleau-Ponty dos cús.
Isto posto, gostaria de submeter a sua apreciação um tema dos mais aflitivos à convivência pacífica entre os heterossexuais convictos e os concessores de garupa, boiolas e viados em geral: o fundamentalismo brioquista.
Ao contrário do que pregam em discursos, eventos patrocinados por ONGs, passeatas na Farme de Amoedo e sessões de "Brokeback Mountain" (aliás, curioso como um filme sobre vaqueiros viadinhos faça alusão a um lugar que, em tradução livre, poderia ser chamado de "Montanha da Dor nas Costas"), enfim, ao contrário do que pregam publicamente, os membros ativos e passivos da comunidade gay não defendem a convivência harmoniosa entre pessoas de diferentes opções sexuais, leia-se, entre heteros que obedecem aos ditames da natureza, de um lado, e pervertidos em geral de outro, preferencialmente distante. Pregam sim a aniquilação silenciosa e progressiva, o extermínio sistemático de todo aquele que prefere a suculenta poesia de um clitóris violáceo a um mastruço veiudo a rasgar-lhe as entranhas.
A hipótese do fundamentalismo brioquista se baseia numa constatação simples, uma similaridade comportamental entre o fundamentalista islâmico e o adorador de jebas. O crente se entrega a Deus, encontra a luz e passa a querer evangelizar toda a humanidade. O boiola se entrega à sevícia de um catramelo, vê estrelas, e passa a querer catequizar todo vivente ao (na opinião dele) deleite do arrombamento esfincteriano, como se a salubérrima prática do heterossexualismo fosse coisa tão antiquada quando a gravata borboleta (para não usar termos como out, demodé e outros de inconteste pederastia).
Recorro, pois, à sua sabedoria e experiência para desenvolver o tema e auxiliar os integrantes da nossa espécie, a dos heterossexuais, a lidar com essa tendência quase fascista. Devemos buscar o convívio com a diferença ou partir para o confronto armados de archotes em expedições punitivas?
MINHA RESPOSTA:
Antes de mais nada, este humilde fenomenólogo da sacanagem deseja agradecer de público o epíteto de Merleau-Ponty dos cus. É muito gratificante ver o nosso trabalho assim reconhecido e respeitado, e oxalá que o novel cartão de apresentação sirva ao menos para incrementar a quantidade de briocos femininos que o meu bravo jonjolo tem perfurado nestas minhas investigações.
Sobre o fundo da questão, estou plenamente de acordo em que há um certo quê de fundamentalismo -- quiçá de fascismo -- nas atuais manifestações públicas dos que cultivam o hábito de agasalhar pra-te-levas com o esfíncter. Comprova-o, justamente, toda a histeria criada em cima desse filme sobre vaqueiros pederastas, que só não ganhou o Oscar porque a premiação seria a comprovação definitiva da desconfiança popular de que em Hollywood todo o mundo aprecia mesmo é uma trosoba hirta, fumegante, cheia de veias e pendente para o lado esquerdo (coisa pouca, uns 30º) a magoar-lhe brutalmente os intestinos grossos e possivelmente os delgados (exceção feita, talvez, à Jodie Foster, que, segundo consta, prefere caralhas de plástico azul com a cabeça roxa).
Não sei se o amigo concordará comigo, mas a mim me parece redundante, desproporcional e iníquo isso de os perobos virem impingir-nos um filme laudatório a suas preferências porcas.
Redundante porque, se produziram o filme apenas pelo gosto pictórico de ver em cinemascope uma estrovenga adentrando lorto peludo alheio, bastava que alugassem qualquer filme de sacanagem exclusivamente pederasta e o projetassem em qualquer telão de sauna, e apenas para o público interessado.
Desproporcional porque nós outros, heterossexuais, quase nunca esmiuçamos, em nossos filmes, os detalhes das fodas que praticamos -- exceção feita à enrabada do Marlon Brando na Maria Schneider, em O último tango em Paris, e ao laborioso e sôfrego cunnilingus que o Basílio executa no bucetão felpudo de Luísa, no roteiro de minha autoria de O primo Basílio (em breve num cinema perto de você). Em contraste com esse nosso decoro e economicidade no retratar fodas, em toda relação homossexual está implícito que alguém come o cu de alguém, de modo que Brokeback Mountain nada mais é do que uma apologia desbragada de uma modalidade sexual que não tem por que merecer mais cartaz do que as práticas de chupar cus, engolir esperma ou enfiar o punho cerrado na xavasca da parceira.
Por fim, iníquo porque, com toda essa conversa fiada sobre minorias e o papel libertador do filme do pederasta vietcongue, o sujeito que, nos dias que correm, queira enfiar o marzápio em qualquer universitária semipolitizada (meu caso) terá de submeter-se a duas horas dessa pouca-vergonha num cinema mal freqüentado ou então ficará em casa na execução cuidadosa de suas punhetas para a Christiane Pelajo do Jornal da Globo (meu caso).
Comprovada a existência do fundamentalismo perobo, que resta a fazer a mim e a você, indivíduos de predileções sexuais ortodoxas como bater com a trosoba no rosto da parceira e limpar o pau na cortina? Sou avesso a dar porradas, ainda que merecidas, na perobagem que circula por aí de mãos dadas e roupas de couro. Além do perigo de os putos se apaixonarem, parece que tais represálias são ilegais.
Cosa fare, então? Como o amigo poderá constatar, eu tenho preferido a galhofa. Para cada cartãozinho que recebo de colegas e conhecidos que saíram do armário, eu mando de volta um cartão retratando minhas próprias preferências sexuais, sempre envolvendo rosáceos furingos femininos, bucetões felpudos e colegiais de sainhas escocesas (ver Reagindo à diversidade). Uma vez terminado o concurso, por mim idealizado, para a concepção de uma bandeira dos chupadores de bucetas, pretendo que, para cada Ford Ka ou Xsara Picasso que ostentar a baitolíssima rainbow flag, haja pelo menos uns três Gols ou Pajeros com o nosso próprio estandarte.
E assim vamos. É questão de ocupar o nosso espaço e não arredar um milímetro a esses entubadores de mangalhos.
E matriculemos nossos filhos num puteiro de confiança aos doze anos de idade, por via das dúvidas
A leitura curiosa e aprazível de suas dissertações públicas faz-me acreditar ter encontrado um profundo conhecedor dos temas mais prementes à sociedade contemporânea atual, quais sejam os assuntos concernentes a xavascas (de todos os tipos, sabores e profundezas), assim como dos anéis rugosos, mormente os femininos. Diante de ensaios tão embasados teórica e empiricamente, não seria exagero qualificá-lo como um fenomenólogo de prexecas e briocos, um Merleau-Ponty dos cús.
Isto posto, gostaria de submeter a sua apreciação um tema dos mais aflitivos à convivência pacífica entre os heterossexuais convictos e os concessores de garupa, boiolas e viados em geral: o fundamentalismo brioquista.
Ao contrário do que pregam em discursos, eventos patrocinados por ONGs, passeatas na Farme de Amoedo e sessões de "Brokeback Mountain" (aliás, curioso como um filme sobre vaqueiros viadinhos faça alusão a um lugar que, em tradução livre, poderia ser chamado de "Montanha da Dor nas Costas"), enfim, ao contrário do que pregam publicamente, os membros ativos e passivos da comunidade gay não defendem a convivência harmoniosa entre pessoas de diferentes opções sexuais, leia-se, entre heteros que obedecem aos ditames da natureza, de um lado, e pervertidos em geral de outro, preferencialmente distante. Pregam sim a aniquilação silenciosa e progressiva, o extermínio sistemático de todo aquele que prefere a suculenta poesia de um clitóris violáceo a um mastruço veiudo a rasgar-lhe as entranhas.
A hipótese do fundamentalismo brioquista se baseia numa constatação simples, uma similaridade comportamental entre o fundamentalista islâmico e o adorador de jebas. O crente se entrega a Deus, encontra a luz e passa a querer evangelizar toda a humanidade. O boiola se entrega à sevícia de um catramelo, vê estrelas, e passa a querer catequizar todo vivente ao (na opinião dele) deleite do arrombamento esfincteriano, como se a salubérrima prática do heterossexualismo fosse coisa tão antiquada quando a gravata borboleta (para não usar termos como out, demodé e outros de inconteste pederastia).
Recorro, pois, à sua sabedoria e experiência para desenvolver o tema e auxiliar os integrantes da nossa espécie, a dos heterossexuais, a lidar com essa tendência quase fascista. Devemos buscar o convívio com a diferença ou partir para o confronto armados de archotes em expedições punitivas?
MINHA RESPOSTA:
Antes de mais nada, este humilde fenomenólogo da sacanagem deseja agradecer de público o epíteto de Merleau-Ponty dos cus. É muito gratificante ver o nosso trabalho assim reconhecido e respeitado, e oxalá que o novel cartão de apresentação sirva ao menos para incrementar a quantidade de briocos femininos que o meu bravo jonjolo tem perfurado nestas minhas investigações.
Sobre o fundo da questão, estou plenamente de acordo em que há um certo quê de fundamentalismo -- quiçá de fascismo -- nas atuais manifestações públicas dos que cultivam o hábito de agasalhar pra-te-levas com o esfíncter. Comprova-o, justamente, toda a histeria criada em cima desse filme sobre vaqueiros pederastas, que só não ganhou o Oscar porque a premiação seria a comprovação definitiva da desconfiança popular de que em Hollywood todo o mundo aprecia mesmo é uma trosoba hirta, fumegante, cheia de veias e pendente para o lado esquerdo (coisa pouca, uns 30º) a magoar-lhe brutalmente os intestinos grossos e possivelmente os delgados (exceção feita, talvez, à Jodie Foster, que, segundo consta, prefere caralhas de plástico azul com a cabeça roxa).
Não sei se o amigo concordará comigo, mas a mim me parece redundante, desproporcional e iníquo isso de os perobos virem impingir-nos um filme laudatório a suas preferências porcas.
Redundante porque, se produziram o filme apenas pelo gosto pictórico de ver em cinemascope uma estrovenga adentrando lorto peludo alheio, bastava que alugassem qualquer filme de sacanagem exclusivamente pederasta e o projetassem em qualquer telão de sauna, e apenas para o público interessado.
Desproporcional porque nós outros, heterossexuais, quase nunca esmiuçamos, em nossos filmes, os detalhes das fodas que praticamos -- exceção feita à enrabada do Marlon Brando na Maria Schneider, em O último tango em Paris, e ao laborioso e sôfrego cunnilingus que o Basílio executa no bucetão felpudo de Luísa, no roteiro de minha autoria de O primo Basílio (em breve num cinema perto de você). Em contraste com esse nosso decoro e economicidade no retratar fodas, em toda relação homossexual está implícito que alguém come o cu de alguém, de modo que Brokeback Mountain nada mais é do que uma apologia desbragada de uma modalidade sexual que não tem por que merecer mais cartaz do que as práticas de chupar cus, engolir esperma ou enfiar o punho cerrado na xavasca da parceira.
Por fim, iníquo porque, com toda essa conversa fiada sobre minorias e o papel libertador do filme do pederasta vietcongue, o sujeito que, nos dias que correm, queira enfiar o marzápio em qualquer universitária semipolitizada (meu caso) terá de submeter-se a duas horas dessa pouca-vergonha num cinema mal freqüentado ou então ficará em casa na execução cuidadosa de suas punhetas para a Christiane Pelajo do Jornal da Globo (meu caso).
Comprovada a existência do fundamentalismo perobo, que resta a fazer a mim e a você, indivíduos de predileções sexuais ortodoxas como bater com a trosoba no rosto da parceira e limpar o pau na cortina? Sou avesso a dar porradas, ainda que merecidas, na perobagem que circula por aí de mãos dadas e roupas de couro. Além do perigo de os putos se apaixonarem, parece que tais represálias são ilegais.
Cosa fare, então? Como o amigo poderá constatar, eu tenho preferido a galhofa. Para cada cartãozinho que recebo de colegas e conhecidos que saíram do armário, eu mando de volta um cartão retratando minhas próprias preferências sexuais, sempre envolvendo rosáceos furingos femininos, bucetões felpudos e colegiais de sainhas escocesas (ver Reagindo à diversidade). Uma vez terminado o concurso, por mim idealizado, para a concepção de uma bandeira dos chupadores de bucetas, pretendo que, para cada Ford Ka ou Xsara Picasso que ostentar a baitolíssima rainbow flag, haja pelo menos uns três Gols ou Pajeros com o nosso próprio estandarte.
E assim vamos. É questão de ocupar o nosso espaço e não arredar um milímetro a esses entubadores de mangalhos.
E matriculemos nossos filhos num puteiro de confiança aos doze anos de idade, por via das dúvidas